Posfácio: “REQU13M” como tapeçaria cyberpunk

Em uma época imprecisa, mas não muito distante da nossa, os problemas são sempre agravantes, os recursos cada vez mais escassos e as relações caminham em direção ao lixo, junto a outros detritos eletrônicos.

Da calçada porosa crescem prédios lisos, longilíneos. Na noite escura, holofotes e hologramas iluminam as poças de chuva ácida, colorindo o asfalto negro em turquesa, amarelo e pink. Nos becos, jovens com implantes neurais trocam pilldrives em beijos que os fazem engolir microequipamentos que escondem programas e dados criptografados conforme a sequência genética dos receptores.

Neste caos de neon e LED, Lynx — uma hacker viciada em um estilo de vida altamente hedonista — aceita jobs dos mais variados no intuito de acumular créditos suficientes para alimentar suas necessidades, virtuais ou não, tais como adquirir um novo console ou updates em seus implantes.

Após invadir e vazar arquivos dos rivetheads — um grupo de vigilantes às avessas —, a mando de um tal de Nirvana, os valores da hacker mudam de figura e ela se vê obrigada a fugir e zelar ainda mais por sua sobrevivência.

É quando passa a contar com a ajuda de Moha, um enigmático homem que lhe traz conforto e segurança. Através de sessões de imersão na Rede, a dupla descobre que seus reais problemas mal começaram. Apesar da tênue linha entre o real e o virtual, Lynx precisará lutar contra aquilo que sempre acreditou lhe trazer a completude. E isso pode custar à hacker mais que apenas algumas horas imersa na Rede.

Em uma narrativa sutil e ao mesmo tempo engenhosa, Lidia Zuin trata com maestria questões filosóficas e sociais, dando novo significado ao cyberpunk que já conhecemos e firmando-se como nova voz da ficção científica contemporânea.

Apresentação: A onda ganha força — Roberto de Sousa Causo
Posfácio: “REQU13M” como tapeçaria cyberpunk — Flávia Gasi
Ilustração de capa: Davi Augusto

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