Neste momento de violência policial, em que em São Paulo um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus não consegue andar 500 metros sem que seus integrantes sejam brutalmente combatidos, precisamos falar sobre protestos. Neste país em que há inúmeros projetos de lei que tentam criminalizar o direito de protestar, precisamos falar sobre rebelar-se, sobre criticar, e sobre apontar.
Protestar é algo maleável. Na gramática, não é apenas um verbo intransitivo: ele pode ser usado como transitivo – protestar ao que, a quem. Da mesma maneira, protestos tem formas diferentes de acontecer, com objetivos diferentes. No geral é para cobrar reflexão societária, influenciar opinião pública, como forma de autoexpressão. Em todo o protesto há um apontamento, uma crítica. Assim, protestar é sobre querer revelar algo. Quando há um protesto contra o aumento da taxa de ônibus, há diversos apontamentos sendo feitos ali, por exemplo. No caso: a disparidade entre salário mínimo e condições de vida, o lembrete de que ir e vir são direitos constitucionais, o fato de que muitas pessoas se deslocam muito na cidade de São Paulo para chegar aos seus empregos (a questão da periferia e do centro), entre outros.